Jovens Missionários

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Por enquanto somos nós... e você?

domingo, 25 de julho de 2010

Rosa de Moçambique

Quantas rosas ainda terão que morrer nesta terra até que haja uma verdadeira luta contra a fome?
Vi Rosa chegar ao Hospital de Moma nos braços de sua mãe que percorreu quilometros a pé movida por uma esperança inquebrantável de salvar a vida de sua filha. Buscar socorro num hospital que não possui recursos básicos para atender aos enfermos. Há meses está em reforma. Os doentes foram alojados em barracas de lona da UNICEF. O local é imundo, camas sujas, cheiro insuportável, baratas por todo lado. Falta de medicamentos. Ambulâncias em eterno conserto. Carência de recursos humanos. Foi neste lugar que Rosa morreu. Morreu desnutrida e sem desvelo algum. Não teve uma vida digna! Não teve o direito de lutar pela vida! Não foi a fome que matou Rosa, foi os olhos cerrados de quem finge ou não quer ver a deterioraçao da vida humana em Moçambique. Foram os braços cruzados de quem pode fazer a diferença e mudar essa situação. Não foi a fome que matou Rosa, foi o descaso.
Durante sua viagem pelo norte de Mocambique (princípio deste ano), os discursos de Armando Guebuza eram carregados de palavras ocas sobre o empenho do governo em combater a pobreza do povo moçambicano. Em Moma, foi acolhido pela população com as ruas ornamentadas por cartazes que ostentavam frases prontas inspiradas em seu palavriado fastidioso. Enquanto muitas mães, com os filhos nas costas percorrem de pés descalsos pelas péssimas estradas do país rumo aos hospitais o presidente sobrevoa a miséria do povo realizando uma chegada pomposa acompanhado de sua comitiva, em 7 helicópteros.
Durante sua breve estada na Vila de Moma, Guebuza foi levado para vislumbrar a reforma do hospital. Ele transitou pelos corredores vazios da construção. Nem por um segundo ergueu a vista para as barracas que abriga os desvalidos que agonizam naquele lugar lastimável. Será que Armando Guebuza não perguntou onde estavam os doentes? Ou então ele imagina que não há enfermidades nesta regiao do país? Porque as autoridades locais perderam a oportunidade de apresentar as dificuldades que o distrito enfrenta na área da saúde?
É sabido que Moçambique faz parte do grupo de países mais subdesenvolvidos do mundo. Estudos apontam que a expectativa de vida é de 46 anos enquanto a mortalidade infantil é elevadíssima. Doenças como a malária, a cólera e o HIV/SIDA maltratam o povo. O país carece de infra-estrutura, de estradas asfaltadas, educação de qualidade, sistema de saúde adequado. Somado a tudo isto, a fome massacra a população pobre. Moçambique continua a ser um país exportador de matérias-primas. Possui um setor indutrial incipiente, necessitando, assim, importar produtos alimentícios básicos, em sua maioria da África do Sul. O orçamento do estado moçambicano é financiado em torno de 50% pela ajuda externa.
Neste ínterim, diante da situação calamitosa que grande parte da população moçambicana se encontra, é obsceno o poder público se dar ao luxo de pagar $2000.00 USD por hora, a uma empresa, pelo aluguel de cada um dos 7 helicópteros que serviram para o conforto e bem estar do presidente e de sua comitiva. O povo moçambicano está tendo seus direitos pisoteados por uma minoria que apoderou-se do poder político e econômico, usufruindo-o em benefício próprio.
Falar de direitos humanos e não escutar o povo é uma farsa. Estou convencida que não se conhece as mazelas do povo sem caminhar do seu lado. Paulo Freire já dizia que o verdadeiro revolucionário não luta pelo povo, mas luta com o povo. Esta é a questao primordial que se coloca.
Rosa, pequena, indefesa. Não tinha mais do que dois anos, penso. Mal conseguia abrir os olhos e forças lhe faltavam para manter o pescoço firme. Dispensável falar de sua magreza. Mas chorava, muito. De fome, de dor… não sei. Era um choro, acredito, em busca de socorro, de luta pela vida.
Moçambique possui muitas outras ‘Rosas’ que poderiam enfeitar o país mas que estão desfalecendo por falta de zelo. Resistência, fé, liberdade … nosso povo moçambicano não pode perder a esperança. Unidos, sejamos as vozes que denunciem esta realidade espessa ao mundo.


Tatiane Silveira Soares
Missionaria em Mocambique
22 de julho de 2010

domingo, 11 de julho de 2010

Congresso Missionário de Seminaristas é encerrado com mensagem dos participantes!



Terminou na manhã deste sábado,10, em Brasília, o 1º Congresso Missinário Nacional de Seminaristas, que discutiu a formação missionária dos futuros padres. Os participantes aprovaram uma mensagem final em que pedem que o tema missão seja mais estudado nos seminários.


"Cônscios da real necessidade de formarmos nos Seminários vocações verdadeiramente missionárias, vimos, por meio desta, encarecidamente pedir aos senhores bispos, formadores e seminaristas, que desenvolvam nos Seminários e Institutos uma formação voltada para a missão além-fronteiras. Cremos que se houver investimento, numerosas vocações missionárias brotarão no seio dos Seminários, a começar por nós que participamos deste Iº Congresso Missionário", diz a mensagem.


O seminário teve início no dia 4 e foi organizado pelas Pontifícias Obras Missinárias (POM), Centro Cultural Missionário (CCM), Comissão Episcopal para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial e Comissão Episcopal para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, da CNBB.

Fonte CNBB.

Mensagem dos participantes do I Congresso Missionário Nacional de Seminaristas



Brasília, 10 de julho de 2010

Aos Senhores bispos, formadores e amigos seminaristas,

Entre os dias 04 e 10 de julho, nós, cerca de 150 seminaristas, 10 formadores e alguns bispos dos diversos regionais do Brasil, estivemos reunidos em Brasília participando do Iº Congresso Missionário Nacional de Seminaristas, com o objetivo de ajudar-nos a assumir a dimensão missionária universal da vocação cristã e presbiteral.

Gostaríamos de transmitir a todos quão rica foi a experiência deste Congresso e a grande festa da alegria e da unidade celebrada aqui na capital do nosso país em favor da missão.

Conduzidos pelo lema: chamados para estar com Ele e enviados (Mc. 3,14) e o tema formação presbiteral para uma missão sem-fronteiras, tivemos a graça de nos deparar com as realidades do campo formativo, nas dimensões voltadas para missão.

Observamos as realidades eclesiais e formativas e chegamos à conclusão de que ainda temos que trabalhar muito para se chegar àquilo que é vontade da Igreja Universal e Latino-Americana: despertar a Igreja na América Latina e no Caribe para um grande impulso missionário (DAp. 548).

É bem verdade que, em alguns Seminários e Institutos, o sentido da vocação sacerdotal mais missionária está em plena atividade. Porém, é também fato de que em outros Seminários e Institutos o termo missão não recebe a devida atenção.

Iluminados pelo Espírito de Deus, e impulsionados pelo espírito de Aparecida, queremos que esta realidade seja transformada e transfigurada segundo a vontade de Deus para o nosso tempo, hoje, na Igreja do Brasil. Queremos melhorar o ambiente relacional estrutural do Seminário para que, como uma comunidade autenticamente cristã, formadores e formandos se unam em prol da vocação primeira da Igreja: a missão, a serviço do Reino de Deus. Queremos ser missionários padres e não padres missionários.

Cônscios da real necessidade de formarmos nos Seminários vocações verdadeiramente missionárias, vimos, por meio desta, encarecidamente pedir aos senhores bispos, formadores e seminaristas, que desenvolvam nos Seminários e Institutos uma formação voltada para a missão além-fronteiras. Cremos que se houver investimento, numerosas vocações missionárias brotarão no seio dos Seminários, a começar por nós que participamos deste Iº Congresso Missionário.

De Brasília voltamos para os nossos regionais dispostos a colaborar, com vivo ardor missionário, na conscientização missionária dos irmãos de Seminário e na constituição de organismos que favoreçam a missão em nossas casas de formação, como o Conselho Missionário dos Seminários (COMISE) e a Formação Missionária para Seminaristas (FORMISE).

Contamos desde já com o apoio de todos, pois o benefício não é para a nossa promoção pessoal, mas, para a promoção de todos os povos do orbe e para o bem da Igreja que age em nome de Cristo e a Ele se dirige.

Certos da atenção de todos a este pedido, reiteramos nosso desejo, de juntos, animados e guiados pelo Divino Espírito, construirmos no coração dos Seminários e Institutos, uma mentalidade viva e ardente direcionada a missão sem-fronteiras, tornando a Igreja no Brasil cada vez mais missionária.

Em Cristo Jesus

Os participantes do I Congresso Missionário Nacional de Seminaristas

Fonte CNBB.