Jovens Missionários

Jovens Missionários
Por enquanto somos nós... e você?

terça-feira, 25 de maio de 2010

Notícias de Moçambique!!

Dentro de mim há uma luta que me consome por inteira. Rivalizam entre si a razão e a emoção. Uma batalha incessante em busca de respostas para o turbilhão de situações que presencio e não entendo.
Não vivia no paraíso, motivo que me tirou o sono diversas noites. Me questionava o porquê partir em missão além fronteiras com tantos problemas em meu jardim. Racionalmente não encontrei motivos. Pelo contrário, o bom senso me deu inúmeros argumentos para ficar em casa. Contra a correnteza lógica, resolvi, como sempre, seguir meu coração. E, hoje, sou peregrina pelas estradas moçambicanas colhendo novas perguntas que inquietam meu ser.
Procuro, não somente, respostas para tanta miséria em um mundo com tantos recursos. Busco, porém, compreender o porquê de tanto conformismo perante a degradação humana. Nem escandalizo-me mais com a inércia das pessoas que não olham de perto o cinza da fome que se pode ver estando aqui com os pobres. Mas fico pasma com o comodismo e frieza daqueles que presenciam a miséria deste povo sabendo o luxo e ostentação que muitos usufruem por detrás dessa cortina de vidro. E minha indignação vai além ao recordar que tais riquezas, americanas e européias, foram erigidas sobre ombros africanos, a custa de muito suor e sangue derramado deste povo que hoje sofre como se ninguém percebesse.
E não adianta dizer-me que “sempre foi assim”. Me perdoem aqueles que me acharem piegas mas meu coração não se aguenta ao saber que aqui muitos tem apenas uma refeição por dia. Que consomem, durante a vida inteira, uma alimentação baseada apenas na caracata* e na chima** enquanto em outras partes deste mundão de meu Deus outros se deliciam em banquetes diariamente. Que suas moradias são desumanas, não tendo nem onde recostar a cabeça, ao passo que outros tantos vivem em mansões. Que vestem-se maltrapilhos e possuem, no máximo, uma ou duas peças de roupa, ao mesmo tempo que criaturas superficiais saem na rua apenas vestidos com alguma etiqueta que lhe dê status pois se não for assim entram em crise. Que andam muitos quilômetros de pés descalço enquanto um filhinho-de-papai só calça nike ou então faz birra. Seria cômico se não fosse trágico esse papo de desigualdade social.
Como historiadora meu primeiro impulso é aproar minhas inquietações em terra firme baseada nos mais renomados pensadores como Karl Marx, Schopenhauer, Friedrich Nietzsche, Engels.
Bombardeada de informações, agora, respostas não me faltam.
Pondero e não fico convencida. Subitamente mergulho em minhas emoções. Todo meu corpo reage, olhos, boca, braços, mente, alma, coração. As respostas, que trariam soluções e que fariam a diferença, ainda não as encontrei.
Sinto como se perdesse o rumo...
Tenho que encontrar um equilíbrio entre a razão e a emoção.

Tatiane Silveira Soares
Missionária em Moçambique

*Caracata: seca-se a mandioca ao sol e posteriormente se prepara uma espécie de polenta.
** Chima: uma papa preparada com milho branco.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

1º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL DE SEMINARISTAS






Pontifícias Obras Missionárias – Centro Cultural Missionário
Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária
Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados


1º CONGRESSO MISSIONÁRIO NACIONAL DE SEMINARISTAS

Brasília, 4 a 10 de julho de 2010


Nestes últimos anos no Brasil, muitos seminaristas maiores revelaram-se particularmente sensíveis à questão missionária. Há cinco anos o Centro Cultural Missionário de Brasília vem organizando cursos de formação missionária, com a finalidade de introduzi-los ao estudo da teologia da missão, mediante a abordagem de questões fundamentais, fortalecê-los em sua consciência missionária e iniciá-los a uma prática evangelizadora próxima, inculturada, com horizonte universal.
Esses cursos se multiplicaram pelos Brasil afora em nível Regional, assim como outras iniciativas tais como missões de férias, jornadas missionárias, eventos de animação missionária envolvendo seminaristas, etc. Em numerosos seminários, surgiram Conselhos Missionários de Seminaristas (COMISEs).
Aparecida convida todo Povo de Deus a assumir decididamente a caminhada latino-americana pós-conciliar, a opção pelos pobres de Medellín (1968) e Puebla (1979), a inculturação e a opção pelos outros de Santo Domingo (1992) e colocar a missão no centro de suas atividades pastorais. Com efeito, ao impulsionar a missão estamos preparando a Igreja no Brasil para “uma nova primavera da missão ad gentes” (DAp 379).
Por ocasião do Ano Sacerdotal, pareceu-nos oportuno promover um evento que fosse avaliação da caminhada feita e articulação, reflexão, compromisso e avanço em vista de uma formação presbiteral profundamente missionária.

OBJETIVO GERAL:
Ajudar os seminaristas do Brasil a assumir a dimensão missionária universal da vocação cristã e presbiteral.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
•aprofundar as motivações aptas a abrir os seminaristas para o horizonte da missão universal;
•discutir com os representantes dos seminaristas e formadores o modelo de formação atualmente em vigor à luz das urgências da missão universal e das diretrizes da Igreja.
•evidenciar o “modo missionário” de viver o ministério presbiteral no mundo de hoje;
•incentivar a criação e a articulação de Conselhos Missionários de Seminaristas;
•aproximar as casas de formação da atividade de animação missionária dos Conselhos Missionários Regionais e Diocesanos;
•suscitar o desejo de realizar eventos missionários para seminaristas em nível regional;
•promover vocações missionárias ad gentes entre os seminaristas do Brasil.

TEMA: FORMAÇÃO PRESBITERAL PARA UMA MISSÃO SEM FRONTEIRAS.
LEMA: Chamados para estar com ele e enviados (Mc 3,14).

Fonte: Centro Cultural Missionário (CCM), SGAN 905 - Conjunto C Asa Norte
70790-050 Brasília, DF Fone: (61) 3274.3009
http://www.ccm.org.br/paginas/view/id/20

terça-feira, 11 de maio de 2010

Partilhando experiências: Nova União, distrito de Cotriguaçu – MT, também é lugar de missão!

No dia 28 de dezembro de 2009 saímos de Porto Alegre eu, Rudinei Zorzo e Tiago Camozzato, ambos seminaristas da Diocese de Caxias do Sul, estudantes de Teologia com destino a Juína, lá chegando Dom Neri, bispo diocesano nos encaminhou para um distrito do município de Cotriguaçu, chamado Nova União.
Tomamos o ônibus às 19h com previsão de chegada às 4h ou 5h da manhã, contudo, ao sairmos do município de Castanheira o ônibus atolou, não sendo possível sair, tivemos que dormir por lá mesmo, foram 10h de atoleiro, só saímos do mesmo com ajuda de trator agrícola. Um pouco mais de estrada e tivemos todos que descer para empurrar o ônibus para que ele não ficasse novamente atolado.
Era mais ou menos 17h quando chegamos à cidade de Colniza, ou seja, viagem que comumente dura 10h acabou durando 22h. De Colniza a Nova União foram mais 40 km de estrada de barro, porém feitos de carro.
Ficamos neste distrito até o dia 16 de janeiro. Nos hospedamos na casa paroquial da Paróquia Santíssima Trindade com o seminarista Ronildo Rocha de Souza, da Diocese de Juina. Com ele íamos visitar as comunidades e as famílias, ou conduzir celebrações da Palavra. As distâncias são enormes, há comunidades que ficam a 30 km e até mais da matriz, tudo com estrada de chão e, algumas delas, não em boas condições.
As pessoas deste lugar são muito simples e acolhedoras, faz pouco tempo que a energia elétrica chegou à vila, nas comunidades, muitas delas, ainda não tem energia. Mas isso parece não afetar o estado de espírito alegre deste povo. A vida corrida dos grandes centros ainda não os afetou, sendo assim, muitas vezes “gastam” o dia todo conversando com amigos e vizinhos, valorizando o valor da amizade. A população é essencialmente formada por moradores provenientes de quase todos os estados do Brasil. Por isso é uma mistura de raças e culturas que formam um sotaque e um estilo próprio.
Nos meses de dezembro de 2008 e janeiro de 2009 tive uma experiência de missão urbana, foi em Aparecida de Goiânia – GO, e senti em mim o chamado para outra experiência, esta segunda, porém mais desafiante, foi então que Deus me deu essa oportunidade de estar, mesmo que por poucos dias, junto com esse seu povo, que caminha na alegria de serem Filhos de Deus.
Na Festa de Pentecostes, celebramos a vinda do Espírito Santo e, recordamos que pelo batismo somos incorporados ao corpo de Cristo e, por isso, membros de sua Igreja. Se somos Corpo de Cristo e membros de sua Igreja somos convidados, mais do que isso convocados por ele para a missão, ele mesmo nos disse: “vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
Toda a história da salvação não é senão a história da via e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, PAI, FILHO, ESPÍRITO SANTO, se revela, se reconcilia consigo e une os homens a si. Em nome do PAI, e do FILHO e do ESPÍRITO SANTO somos chamados a compartilhar a nossa vida, aqui na terra, na fé.
Estar com Jesus e ir ao encontro de todos pode parecer contraditório, mas só parece. Porque quanto mais alguém se aproxima e toca o Senhor mais distante é capaz de ir para anunciá-lo. A união com Jesus é princípio, fim e meio da missão. A primeira preocupação do missionário é a de estar com o Mestre, e permanecer unido a Ele. O primeiro fim do envio é o anúncio aos irmãos. Não anunciar o que se ouviu dizer, mas o que se experimentou.
O anúncio provoca que outros busquem o Senhor, por isso o mandato de batizar. Assim como Cristo enviou seus apóstolos para que todos os povos se convertessem em discípulos seus, batizando-os. Continua enviando hoje cada um de nós para fazer parte de uma comunidade, anunciando sua vida, morte e ressurreição para maior glória de Deus. E, quem crer que seja batizado. Essa é nossa missão!

Rudinei Zorzo – Diácono da Diocese de Caxias do Sul estudante do 4º ano de Teologia PUCRS, com colaboração de Tiago Camozzato – Seminarista e estudante do 3º ano de Teologia PUCRS.